quinta-feira, 5 de abril de 2012

A Semana em que a nossa salvação se realizou

     Iniciamos a Semana Santa recordando a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém, sendo aclamado por uma grande multidão como Rei e Filho de Davi. Entre os "hosanas" - que significam "Salva-me, por favor", e que adquiriu, com o passar do tempo, uma forma de aclamação - diz uma antiga tradição, que o Cristo ficou sério, pois já ouvia naquela saudação o "crucifica-o". Paradoxalmente, o Rei vem montado num jumentinho, não num cavalo, como era de costume entre as autoridades civís da época, mas isso para cumprir a profecia de Zacarias: "Dizei à filha de Sião: eis que o teu rei vem a ti, modesto e montado em uma jumenta, em um jumentinho, filho de um animal de carga" (Zc 9,9). Jesus não é um Rei do orgulho e da soberba, mas Rei humilde! No Domingo de Ramos a Igreja me convida para permitir a nova entrada triunfal de Jesus, a qual deve se realizar desta vez no meu coração e na minha vida! Unindo nossa voz ao dos cantares do povo de Jerusalém, também nós queremos acolher o Emanuel em nosso coração! 


     A partir da tarde da Quinta-feira Santa, a Igreja começa o maior tempo litúrgico: o tríduo pascal, ou seja, os três dias que antecipam a Festa das festas que é a Ressurreição do Senhor no Domingo de Páscoa. Ainda na Quinta, celebramos a istituição do Santíssimo Sacramento da Eucaristia durante a Santa Ceia. O Senhor, reunido com os seus amigos - como Ele mesmo faz questão de chamá-los, conforme narra-nos São João, evangelista -, ao dar-lhes o encargo de perpetuar aquele momento pelos séculos - "Fazei isto em memória de mim!" - , institui também o sacerdócio, sendo que hoje comemoramos o dia do padre.Mas, meus irmãos blogueiros, vejamos uma coisa: a Última Ceia foi um momento tão grande que não coube no tempo! Ao participarmos de uma Santa Missa, não celebramos uma "nova" Eucaristia, mas a continuação da primeira! Cristo doa-nos o Seu Corpo, que é a verdadeira Comida, e o Seu Sangue, que é verdadeira Bebida, só por amor a cada um. Dentre os ritos próprios da ceia pascal judaica, Cristo instaura a nova Ceia: a Ceia da nova Páscoa, a Ceia da nova e eterna Aliança inaugurada com o derramamento do Seu sacrossanto Sangue no altar da Cruz! Antes de realizar a primeira Missa, Jesus lava os pés dos seus discípulos. "(...) Depois que lavou os pés, retomou o manto, voltou à mesa e lhes disse: 'Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais de Mestre e Senhor e dizeis bem, pois eu o sou. Se, portanto, eu, o Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também deveis lavar-vos os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais. (...)' (...)" (Jo 13, 12-15). "Se o próprio Deus, humilhando-se, serviu às Sua criaturas, por que eu também não posso assim fazer? Será que sou maior do que Deus?" essa deve ser a indagação que o, popularmente chamado, lava pés deve deixar na cabeça e no coração de cada cristão!


     Na Sexta-Feira Santa, dia de jejum e abstinência, a Igreja desnuda seus altares, pois recordamos o momento em que o Seu Noivo foi-lhe tirado brutalmente. O Sacrifício de Jesus marca o início da nova e eterna Aliança. Cristo Jesus assume na cruz a Sua função de Sumo Sacerdote, oferecendo-Se a Si mesmo, como sacrifício único, santo e perpétuo cravado no altar da Cruz. O Senhor reverte o que Adão fizera no Éden, cumprindo até o fim a vontade e a determinação do Pai. Com a Sua obediência, Cristo, o novo Adão, cancelou a culpa do primeiro, salvando-nos do castigo que nos pesava! Na Cruz, o Senhor revela que aquele que faz a vontade do Pai sairá sempre vitorioso e trará sempre um pedacinho do Céu, sinônimo da ausência de males e tristezas, aos sofrimentos da terra, como Ele mesmo nos diz no Pai Nosso: "Venha a nós o Vosso Reino. Seja feita a Vossa vontade". A partir da Cruz, recebemos como presente a Mãe do Senhor, que desde então tornou-se a Mãe da Igreja, e, consequentemente, sendo parte do Corpo Místico de Cristo, nossa Mãe. Ainda pela Cruz, a Igreja de Cristo começou a organizar-se: ao abrir o Seu Santo Lado, nasceu os sacramentos, e depois da Sua morte, os seus primeiros fieis apareceram. E vendo tudo isso, só podemos dizer com o Papa Bento XVI: "Da Cruz, Ele triunfa sem cessar!"


     No Sábado Santo à noite, celebramos a Vigília Pascal, onde o Círio Pascal é aceso, significando o próprio Cristo Ressuscitado no meio de nós. É interessante percebermos que os Evangelhos fazem questão de anunciar-nos que o Senhor foi sepultado num jardim. Esse jardim nos remete ao do Éden, no qual fomos separados da plenitude da vida por causa da desobediência de Adão, com nos recorda o Papa Bento XVI. Ao ressuscitar, Cristo destroi o poder da morte e nos conduz novamente à comunhão com Deus. A ressurreição de Jesus nos mostra que nós iremos ressuscitar também, ou seja, a vitória de Cristo sobre a morte indica-nos que nós também iremos vencê-la! E outra coisa que devemos prestar atenção é: Cristo ressuscitado não se manifestou a todos como fazia antes, mas nos incubiu de anunciarmos essa notícia a todos os povos. E São Paulo ajuda-nos reafirmando a certeza da ressurreição do Senhor ao dizer que "se Cristo não ressuscitou (...) vazia é a vossa fé!". Portanto, alegrai-vos, pois Cristo ressuscitou e o sepúlcro está vazio!

Uma santa Semana Santa para você! Que você possa morrer para os seus pecados na Sexta-Feira da Paixão e ressuscitar para o Cristo no Domingo de Páscoa!


Fonte das imagens: www.gedleopoldina.blogspot.com.br/ www.josinaldo-liturgia.webnode.com.pt/ www.redemptionis-sacramentum.com

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